7 de October de 2022
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Os principais conflitos dia-a-dia de uma empresa familiar
Estar a frente de uma empresa familiar é um trabalho complicado em decorrência dos conflitos que são inerentes às relações familiares, disputas de poder, ambição pessoal, rivalidade, dentre outros. Isso sem falar na dificuldade de conseguir separar a família do negócio.
Quando os filhos se casam, a situação tende ficar ainda mais complicada, pois surge um novo núcleo familiar, com diferentes valores e princípios.
Os conflitos tem diferentes causas, mas não é difícil encontrarmos a origem, principalmente no âmbito da empresa familiar. Saiba que buscar a origem do problema é o primeiro passo para solucionar!
Sem dúvidas, uma das principais divergências entre pai e filho são sobre as questões de administração e gestão do negócio. Seja porque o filho quer implementar uma administração mais aberta e alinhada com a realidade do mercado, seja porque o fundador prefere manter a forma como já vem tocando o seu negócio. Já os conflitos entre irmãos, envolvem, normalmente, ciúmes ou o sentimento de preferência pelo pai/mãe na escolha do mesmo como diretor, além de não ser raro a disputa por diferença de remuneração.
Conflitos entre pai e filho
É fácil nos depararmos com conflitos entre pai e filho na gestão da empresa da família. O pai, porque obviamente antecedeu a geração do filho, tem uma administração mais tradicional e quer manter-se no comando de todas as decisões da empresa. Foi o seu modo peculiar e trabalhador que trouxe a empresa da família ao patamar que ela se encontra. Eu aposto que você já ouviu a famosa frase “em time que está ganhando nunca se deve mexer”. O filho, por sua vez, geralmente por pertencer à geração X ou Y, traz consigo um modelo de administração menos hierárquica, menos rígida ou informal, buscando alinhar a empresa com esses novos valores e modelos de negócios. E é ai que costuma a surgir os conflitos.
A discussão gira em torno de quem está com a razão. Afinal, tanto o pai, quanto o filho, querem o bem da empresa da família.
O pai, sendo o fundador, tem suas razões para acreditar que o seu modelo de gestão foi colocado à prova durante muitos anos e o sucesso da empresa não foi mero acaso.
Já o filho, quer implantar uma hierarquia menos rígida ou descentralizada, ele defende e tem suas razões para acreditar que este é o caminho certo a ser trilhado pela empresa da família.
Agora, quando o filho(a) se casam, a situação tende a se agravar, porque este filho(a) será influenciado pelo novo núcleo familiar, com novos valores e novos hábitos.
Buscar o diálogo entre as gerações é o principal caminho para encontrar o equilíbrio, ao contrario do acirramento do diálogo entre os dois afim de descobrir quem tem a razão. Nestas situações, é indicado buscar por um mediador societário ou familiar para lidar e apresentar a melhor solução.
Conflitos entre irmãos
O conflito entre os irmãos pode decorrer de várias razões, indo desde a preterição de um irmão na escolha para conduzir e administrar os negócios da família, passando pelo sentimento de protecionismo e até mesmo rivalidades pessoais entre eles.
E isso não é nenhuma novidade, aliás, a rivalidade entre irmãos é muito comum e seu registro vem desde a bíblia com a história de Caim e Abel.
É certo, que os irmãos não se escolheram como irmãos e muito menos como sócios. Eles estão em uma sociedade que não houve liberdade de escolha. Essa sociedade foi imposta pelo fundador, que muitas vezes usa até chantagens emocionais para forçar os irmãos a se entenderem: “Eu quero que vocês se entendam”, “Venham almoçar em casa no domingo”, “Eu fiz isso para vocês”, essas são algumas das frases que o fundador tenta utilizar como ponto de equilíbrio na discussão.
Não se engane, o fato de ser irmãos, não quer dizer que haverá perpetuação da sociedade. Por isso, documentar o que foi combinado, escrever as regras de convivência é o melhor caminho para um convívio mais respeitoso e harmônico.
A figura do mediador societário e familiar
A verdade é que os conflitos podem destruir uma empresa e a família. Existem um estudo que prova que 75% das empresas familiares morrem em decorrência de conflitos por poder e dinheiro. O mais interessante de tudo isso, é que as duas atitudes mais comuns para lidar com os conflitos dentro de uma empresa familiar é negar o conflito ou acirrá-lo e instituir uma disputa de poder, utilizando, inclusive, ações judiciais.
Não pense que judicializando as disputas da empresa familiar resolverá o problema, na maioria esmagadora das vezes, levam ao encerramento prematuro da sociedade.
Este não é o melhor caminho para manter a boa convivência na família empresária.
Se o diálogo é ruim entre a família, o ideal é buscar ajuda. A existência de um mediador na sociedade ou na família por ajudar muito na resolução das brigas. Essa função pode ser exercida por um profissional, quanto por um amigo da família.
O importante é que seja uma pessoa independente, que mediará as discussões, ou seja, alguém que não se envolverá emocionalmente com as questões, logo, conseguirá conduzir a conversa na busca do entendimento.
Durante esses anos de atuação, posso te afirmar, que a maioria dos conflitos se instalam na empresa familiar por falta de diálogo entre os sócios e a família como um todo.
Por isso, grande parte dos problemas e conflitos que surgem dentro da empresa familiar são facilmente resolvidos com uma boa conversa. Logo, quando o mediador é chamado para intervir, o canal de diálogo tende a se estabelecer e o equilíbrio normalmente é encontrado. Isso porque no final das contas, toda a família quer o melhor para empresa.
O que é o Protocolo Familiar e como ele pode resolver conflitos na sua empresa familiar?
O Protocolo Familiar é um documento que estabelece regras de como a família empresária deve se comportar com reação ao negócio que possui.
Possui a característica de um acordo de cotista ou acordo de acionistas, mas, difere-se na essência. Isso porque no acordo de cotista ou acionista cuida-se da relação dos sócios para com a empresa, já no protocolo familiar cuida-se do relacionamento entre a família, a propriedade e a empresa.
Em resumo, o protocolo familiar deixa as coisas mais claras entre os membros da família empresária.
Eu preciso te alertar, o protocolo familiar não é o remédio para todos os males! Porém, ele poderá trazer tranquilidade para os membros da família, proporcionar o convívio harmônico e criar condições para profissionalizar a atuação dos sucessores.
O que o Protocolo Familiar pode fazer pela família empresária?
Reforçar o legado familiar;
Perpetuar os valores da família empresária;
Regular a sucessão patrimonial;
Estabelecer regras para atuação dos familiares na empresa;
Prevenir conflitos familiares;
Criar regras de solução de conflitos.
Como fazer um Protocolo Familiar?
O protocolo familiar nada mais é que um acordo de vontade que emerge dentro da família. Para ser alcançado, o diálogo precisa ser praticado.
É muito fácil fazer um protocolo, desde que a abordagem seja feita da forma correta.
Por isso, é importante buscar o ponto de equilíbrio entre os diversos interesses dos sucessores.
O fundador é a pessoa mais indicada para iniciar este assunto dentro da família.
Os familiares por sua vez, devem ser instigados a pesquisar sobre o assunto e apresentar sugestões. Existem vários materiais para pesquisa, e ainda, eles podem consultar um especialista.
Ressaltamos que não existe uma forma determinada para formalizar o documento, entretanto, recomendamos que seja realizado através de escritura pública.
Para concluir...
Se você tem interesse em deixar todo seu patrimônio organizado ainda em vida, além de proteger a sua família de todo o desgaste e disputas que a divisão de uma herança poder causar, pense em investir num planejamento sucessório.
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Lembre-se, o planejamento é uma ferramenta de prevenção, economia e proteção, não deixe o seu para a última hora!